top of page

Vozes do silêncio

Cultura científica: ideologia e alienação no discurso sobre vivissecção

Autor: João Lima
Cidade: São Paulo (SP)
Editora: Instituto Nina Rosa
Ano: 2008
Páginas: 191

Descrição: A obra, pioneira em desafiar o silêncio que impera nomeio acadêmico em relação a uma prática de extrema violência tida como natural e espontânea – a vivissecção - pode também ser recebida como um autêntico libelo em face da experimentação animal e das pesquisas científicas que reduzem criaturas sencientes à condição de objetos descartáveis e de seres eticamente neutros. Insurgindo-se contra a metodologia vivisseccionista “inercial, acrítica e tradicional” e o paradoxo antropocêntrico relacionado ao mito da superioridade humana, na medida em que se define “quem mata e quem morre, quem manda e quem obedece, quem é sacrificável e quem não é”, João Epifânio Regis Lima não hesita em criticar a postura científica dominante que, em determinadas situações, opõe-se a consagrados princípios jurídicos, morais e éticos (não ferir, não mutilar, não agredir, não provocar dor nem sofrimento, não torturar). “Nosso problema é o silêncio, nosso material a palavra”, adverte o autor. Afastando-se da cômoda visão oficial que impera no meio científico em relação ao tabu da vivissecção, o texto ora apresentado - embora sem o objetivo precípuo de fazer juízos de valor sobre tal prática - debruça-se sobre aspectos fundamentais da cultura e da ideologia ainda imersos em um paradigma não questionado, buscando o porquê da espontaneidade e indiferença diante de uma prática manifestamente cruel para com animais. Neste aspecto, a faceta política e cultural da vivissecção transforma em “natural” o que na realidade possui um viés social, revelando a alienação em que se encontram imersos os sujeitos nela envolvidos. Fenômeno semelhante, segundo ele, ocorre em zoológicos e circos com animais, instituições estas que, de forma dissimulada, “refletem uma determinada ordem cultural, de caráter essencialmente dominador”, em cujo contexto “a ideia ilusória do domínio humano sobre o restante da natureza elimina qualquer possibilidade de questionamento”.

bottom of page